"Eu estou aqui para confundir, e não para explicar!" (Chacrinha)

sábado, 21 de julho de 2012

11 - CLAUDINHO E BUCHECHA - KID ABELHA - ADRIANA CALCANHOTTO



Claudinho e Buchecha no programa da Xuxa

Kid Abelha

Adriana Calcanhoto


FUNK CARIOCA: 10 ANOS DE BUCHECHA SEM CLAUDINHO

 

É claro que neste blog não poderia faltar o funk carioca. A princípio pensei em falar sobre as origens desse ritmo do Rio de Janeiro, mas entre tantos nomes não pude resistir ao carisma de CLAUDINHO E BUCHECHA. Somado a isso, neste mês de julho completaram-se dez anos do fim da dupla, causado pela morte prematura e trágica de Claudinho. Momento então de prestar uma justa homenagem. O funk carioca nasceu e ainda persiste como uma música maldita, massacrada pela crítica dos guardiões do bom-gosto. "Som de preto, pobre e favelado" (yes, baby, isso é letra de funk), assim como também era o samba, o funk carioca conseguiu espaço justamente num programa de uma loira, linda e rica (e por muitos, talvez por isso mesmo, odiada) apresentadora gaúcha chamada XUXA, que ajudou a divulgar a música dos morros do Rio de Janeiro. Aliás, esta homenagem também se extende à apresentadora, por sua atenção à cultura da periferia, antecipando o que a maravilhosa Regina Casé faz hoje em seu programa "Esquenta". E para a nossa tradicional confusão entre bom-gosto e mau-gosto, temos ainda dois vídeos de artistas "chics" que também se renderam aos encantos da dupla funkeira: a banda pop carioca KID ABELHA e a também gaúcha ADRIANA CALCANHOTTO. 
 
 
 
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RAP DO SALGUEIRO - C & B

Claudinho e Buchecha nasceram em São Gonçalo, Rio de Janeiro, em 1975. Eram amigos de infância. Adolescentes, se reecontram no bairro do Salgueiro e, em 1992, vencem um concurso de rap com o "Rap da Bandeira Branca". Trabalhando na construção civil e frequentando bailes funk, iniciariam definitivamente a carreira somente em 1995, ao vencerem mais um concurso com o "Rap do Salgueiro", que estourou no Rio. E em 1996 lançam o primeiro CD: "Claudinho e Buchecha".


Claudinho & Buchecha



SÓ LOVE - C & B

Em 1997 lançam o CD "A Forma" e em 1998 o álbum "Só Love", com a música de mesmo nome. Aos poucos, a dupla vai levando o funk carioca para uma batida mais pessoal, mais pop, mais suave, mais romântica, mais melódica, e vai se tornando cada vez mais popular. A liberdade artística rompe os limites do funk; Claudinho investe fundo em aulas de violão, incorporando este instrumento em suas apresentações. Depois, além do DJ, a dupla começa a se apresentar com uma banda. Essa evolução, ou "sacação", só é possível aos grandes artistas.




Claudinho & Buchecha



QUERO TE ENCONTRAR - C & B

Em 1999 é a vez do álbum "Claudinho & Buchecha ao Vivo" e, no ano 2000, "Destino". Claudinho cita como suas referências: Tim Mais, Ice T, Puff Daddy, Fundo de Quintal e Papa Winnie. E Buchecha cita: Soul for Real, Lulu Santos, Alcione e No Doubt. O funk carioca nasceu por influência do funk e do rap americanos e do soul dos anos 70 (que já estava enraizado na música brasileira) e como em outras partes do mundo, se "contaminou" com as cores locais. 



Claudinho & Buchecha




FICO ASSIM SEM VOCÊ - C & B

No ano de 2002 lançam o último disco: "Vamos Dançar". Este álbum trazia uma das profecias mais tristes da música brasileira; a música "Fico assim sem você" (sem dúvida um clássico do pop nacional) tinha a famosa expressão "Buchecha sem Claudinho". Na volta de um show em Lorena, interior de São Paulo, Claudinho morre em um acidente automobilístico, em 13 de julho desse mesmo ano. É o fim da dupla mais famosa e mais carismática já produzida pelo movimento funk carioca. Saudades!!  




Claudinho & Buchecha


QUERO TE ENCONTRAR - KID ABELHA

Formada atualmente por Paula Toller, George Israel e Bruno Furtado, o Kid Abelha, também do Rio de Janeiro, gravou seu primeiro álbum (com uma formação diferente) em 1984,  e é uma das bandas da famosa geração do Rock anos 80. Em 2002 gravaram o excelente disco ao vivo "Acústico MTV", que icluiu a música de Claudinho & Buchecha. O que mostra a mente aberta (e inteligente!) do grupo. E quem diria que o funk ainda seria tocado por cordas e metais e ainda com a belíssima voz da belíssima Paula Toller?!  



Kid Abelha


FICO ASSIM SEM VOCÊ - ADRIANA CALCANHOTO

Gaúcha de Porto Alegre, Adriana nasceu em 1965. Em 1990 lança seu primeiro disco: "Enguiço". Em 2004 assumiu a personagem "Adriana Partimpim", que também foi o título de um álbum para crianças e de uma série de shows pelo país. Nesse disco gravou a hoje lendária "Fico assim sem você", de Claudinho & Buchecha. A chiquérrima Adriana já mostrou em diversas ocasiões que não está nem aí para o "Apartheid Cultural" (como diz Caetano sobre a segregação cultural brasileira); inclusive já gravou a brega "Devolva-me", entre outras. Aliás, é dela a frase que inicio este blog, junto ao título.




 Adriana Calcanhotto
 
 
 
 
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Termino este post um pouco melancólico, mas feliz, porque apesar da curta carreira, e apesar dos narizes torcidos de muita gente metida, Claudinho & Buchecha foram reconhecidos e se tornaram muito populares ainda em vida, e conseguiram a admiração inclusive de seus pares ungidos pelo "bom-gosto", como Adriana Calcanhotto e o pessoal do Kid Abelha. O que vem a embaralhar um pouco o gosto nacional. Afinal, onde termina o mau-gosto e onde começa o bom gosto?
Já falei que tô aqui pra confundir!!
Salve o Velho guerreiro!!


Abraços cafônicos!


Kid Cafona   





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POR TODA MINHA VIDA


Para quem quiser saber mais sobre Claudinho & Buchecha, sugiro que vejam o documentário da Rede Globo, "Por Toda Minha Vida", aqui em 5 partes:



PARTE 1

PARTE 2

PARTE 3
   
PARTE 4
  
 PARTE 5




Postado em 22 de julho de 2012.
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sábado, 7 de julho de 2012

10 - CÉU - MESTRE VIEIRA


Céu


Céu


 Mestre Vieira



O  Brasil vive hoje um momento especial; mais do que os números da economia, a faceta mais importante do momento atual é aquela que nos mostra a cara do brasileiro, ou melhor, as caras dos brasileiros. Favorecidos por políticas de inclusão social, essas caras ocupam não só espaço no meio da pirâmide social, como também na esfera cultural. Além de ter sua música divulgada e respeitada pela mídia nacional, muitos são os músicos da chamada "alta-cultura" que flertam com os ritmos da periferia; mas há uma cantora que destoa desse movimento. A cantora paulistana CÉU, em seu terceiro álbum, não apenas flerta, mas consegue uma mistura tão homogênea e harmônica de ritmos, que acaba por criar aquele tipo de ritmo que deixa os críticos de cabelo em pé ao tentar classificar uma nova música. Dentre tantas influências da cantora, destaca-se a "guitarrada", do músico paraense MESTRE VIEIRA.  

 
 
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RETROVISOR - CÉU (comp. Céu) - Este videoclipe ilustra todo o conceito do álbum. A cantora conta que todo o trabalho do disco foi concebido por uma imagem: "a estrada". Portanto, seria um road-disco, que contasse os "causos" e impressões das estradas, partindo de uma geografia que começa em São Paulo, passa pelo nordeste e pelo norte do país e chega às fronteiras da América Latina. Uma viagem de ritmos. O título do álbum, "Caravana Sereia Bloom", remete por sua vez à "Caravana Rolidei" do road-movie "Bye-bye, Brazil", de Cacá Diegues. Acertou em cheio!!  




Céu


BAILE DE ILUSÃO - CÉU (comp. Céu) -  Maria do Céu Whitaker Poças nasceu em São Paulo em 17 de abril de 1980. É filha do maestro, compositor e produtor musical Edgar Poças e da artista plástica Carolina Whitaker.Céu Iniciou sua carreira musical em 2002.
O vídeo faz parte da turnê internacional da cantora neste ano para a divulgação de seu novo álbum. Vídeo gravado em apresentação na Inglaterra, no programa Later with Jools Holland, em abril de 2012. A turnê internacional ainda incluiu França, Alemanha, Suiça, R. Tcheca, EUA e Canadá.




Céu



AMOR DE ANTIGOS - CÉU (comp. Céu) - A cantora e compositora lançou seu primeiro álbum em 2005, chamado apenas CÉU. Esse disco apareceu na primeira posição nos rankings "Heatseekers" e "World Music", e na posição 57 do "hot 100", todos da Billboard, sendo a mais alta posição nas paradas dos EUA já alcançada por uma artista brasileira, desde Astrud Gilberto com "Garota de Ipanema, em 1963. Em 2009 é a vez de "Vagarosa", título de seu segundo álbum, que vendeu 25 mil cópias na Europa e 100 mil nos Estados Unidos.  Nesses álbuns, além das referências brasileiras, samba e MPB, a cantora também percorre por outros ritmos como o hip-hop, afrobeat, reggae, jazz e R&B. O vídeo abaixo faz parte de uma apresentação da cantora em Berlim, Alemanha, neste ano.



Céu




CONTRAVENTO - CÉU (comp. Lucas Santana/ Gui Amabis) - Este ano (2012), a cantora lançou seu terceiro álbum, "Caravana Sereia Bloom". Todas as músicas de Céu desta postagem são desse disco. Dentre as referências musicais do álbum, Céu cita  o músico Mestre Vieira, e seu disco "Lambada das Quebradas", o cantor de carimbó Pim, o cantor brega Alípio Martins, o peruano Trio Los Panchos e a cantora Eydie Gorme.





Céu



FALTA DE AR - CÉU (comp. Gui Amabis) - Céu é casada com o músico Gui Amabis, que além de compor, também co-produziu com a cantora o disco "Caravana Sereia Bloom". Agora, mais uma música do último disco, apresentada no programa da BBC de Jools Holland. O jornal inglês The Telegraph fez uma matéria com a cantora, apresentando-a como "a autêntica voz do novo Brasil". 




Céu


VIAJANDO - MESTRE VIEIRA (comp. Mestre Vieira) - Joaquim de Lima Vieira, conhecido como Mestre Vieira, nasceu em Bacarena, no Pará, em 1934, e foi o criador do ritmo "guitarrada", com o antológico disco Lambada das Quebradas, de 1978. Mas o ritmo só se tornaria popular no Brasil nos anos 90 com os grupos Cravo Carbono e Calypso. Segundo a cantora Céu, "se for ver a origem da lambada, vai deparar com Mestre Vieira, que tem um disco que é uma obra prima, chamado Lambada das Quebradas. É coisa de virtuoso". Vieira tem 20 discos solo gravados e em 2008 recebeu, das mãos do ministro da cultura Gilberto Gil a medalha de Ordem ao Mérito Cultural pelo seu relevante serviço prestado à cultura brasileira. Nada mais justo!




Mestre Vieira


CARAVANA SEREIA BLOOM - E para finalizar, uma entrevista com a cantora Céu, na divulgação de seu novo disco. Meu Deus, Que mulher mais linda!!


 

 Céu - Entrevista
 
 
 
 
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Céu "Acho que o brega tem uma riqueza enorme. Acho bobagem carregá-lo de sentido ruim. É muito simples, bonito e brasileiro. Acho engraçado, eu estava refletindo sobre isso. Hoje em dia eu viajo bastante, mas por muito tempo, só conhecia Nova York, porque morei lá quando menina. E quanto mais eu viajo, mais eu vejo a riqueza do Brasil. A música brasileira não é só bossa, samba. Também é brega, é Norte, é Nordeste. E tem uma familiaridade enorme com essas outras culturas. Eu fiz o disco interessada nas origens dos ritmos latinos".
                                        (Entrevista de Céu ao jornal Zero Hora - 21/02/12)




A Caravana Sereia Bloom repete hoje a viagem do compositor Villa Lobos pela Amazônia e pelo interior do país, recolhendo ritmos de nosso povo e integrando-os ao acervo da música brasileira. Coisa parecida fizeram os tropicalistas. Céu e Mestre Vieira ilustram muito bem a mistura que existe hoje no Brasil entre culto e popular. Acredito que a música brasileira, assim como o povo brasileiro, caminha por uma estrada cada vez mais única em que todas as ideias se juntam, preservando suas características, mas respeitando suas diferenças. Nisso fecho com o Telegraph; Céu é a cara desse novo Brasil!

Eu confundo e não explico; mas não seria a confusão a própria explicação?

Abraços cafônicos!

Kid Cafona






Ouça o disco Caravana Sereia Bloom:
http://www.radio.uol.com.br/album/ceu/caravana-sereia-bloom/29485?cmpid=clink-rad-al





Postado em 07 de julho de 2012.

 
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