Claudinho e Buchecha no programa da Xuxa |
Kid Abelha |
Adriana Calcanhoto |
FUNK CARIOCA: 10 ANOS DE BUCHECHA SEM CLAUDINHO
É claro que neste blog não poderia faltar o funk carioca. A princípio pensei em falar sobre as origens desse ritmo do Rio de Janeiro, mas entre tantos nomes não pude resistir ao carisma de CLAUDINHO E BUCHECHA. Somado a isso, neste mês de julho completaram-se dez anos do fim da dupla, causado pela morte prematura e trágica de Claudinho. Momento então de prestar uma justa homenagem. O funk carioca nasceu e ainda persiste como uma música maldita, massacrada pela crítica dos guardiões do bom-gosto. "Som de preto, pobre e favelado" (yes, baby, isso é letra de funk), assim como também era o samba, o funk carioca conseguiu espaço justamente num programa de uma loira, linda e rica (e por muitos, talvez por isso mesmo, odiada) apresentadora gaúcha chamada XUXA, que ajudou a divulgar a música dos morros do Rio de Janeiro. Aliás, esta homenagem também se extende à apresentadora, por sua atenção à cultura da periferia, antecipando o que a maravilhosa Regina Casé faz hoje em seu programa "Esquenta". E para a nossa tradicional confusão entre bom-gosto e mau-gosto, temos ainda dois vídeos de artistas "chics" que também se renderam aos encantos da dupla funkeira: a banda pop carioca KID ABELHA e a também gaúcha ADRIANA CALCANHOTTO.
RAP DO SALGUEIRO - C & B
Claudinho e Buchecha nasceram em São Gonçalo, Rio de Janeiro, em 1975. Eram amigos de infância. Adolescentes, se reecontram no bairro do Salgueiro e, em 1992, vencem um concurso de rap com o "Rap da Bandeira Branca". Trabalhando na construção civil e frequentando bailes funk, iniciariam definitivamente a carreira somente em 1995, ao vencerem mais um concurso com o "Rap do Salgueiro", que estourou no Rio. E em 1996 lançam o primeiro CD: "Claudinho e Buchecha".
Claudinho & Buchecha
SÓ LOVE - C & B
Em 1997 lançam o CD "A Forma" e em 1998 o álbum "Só Love", com a música de mesmo nome. Aos poucos, a dupla vai levando o funk carioca para uma batida mais pessoal, mais pop, mais suave, mais romântica, mais melódica, e vai se tornando cada vez mais popular. A liberdade artística rompe os limites do funk; Claudinho investe fundo em aulas de violão, incorporando este instrumento em suas apresentações. Depois, além do DJ, a dupla começa a se apresentar com uma banda. Essa evolução, ou "sacação", só é possível aos grandes artistas.
Claudinho & Buchecha
QUERO TE ENCONTRAR - C & B
Em 1999 é a vez do álbum "Claudinho & Buchecha ao Vivo" e, no ano 2000, "Destino". Claudinho cita como suas referências: Tim Mais, Ice T, Puff Daddy, Fundo de Quintal e Papa Winnie. E Buchecha cita: Soul for Real, Lulu Santos, Alcione e No Doubt. O funk carioca nasceu por influência do funk e do rap americanos e do soul dos anos 70 (que já estava enraizado na música brasileira) e como em outras partes do mundo, se "contaminou" com as cores locais.
Claudinho & Buchecha
FICO ASSIM SEM VOCÊ - C & B
No ano de 2002 lançam o último disco: "Vamos Dançar". Este álbum trazia uma das profecias mais tristes da música brasileira; a música "Fico assim sem você" (sem dúvida um clássico do pop nacional) tinha a famosa expressão "Buchecha sem Claudinho". Na volta de um show em Lorena, interior de São Paulo, Claudinho morre em um acidente automobilístico, em 13 de julho desse mesmo ano. É o fim da dupla mais famosa e mais carismática já produzida pelo movimento funk carioca. Saudades!!
Claudinho & Buchecha
QUERO TE ENCONTRAR - KID ABELHA
Formada atualmente por Paula Toller, George Israel e Bruno Furtado, o Kid Abelha, também do Rio de Janeiro, gravou seu primeiro álbum (com uma formação diferente) em 1984, e é uma das bandas da famosa geração do Rock anos 80. Em 2002 gravaram o excelente disco ao vivo "Acústico MTV", que icluiu a música de Claudinho & Buchecha. O que mostra a mente aberta (e inteligente!) do grupo. E quem diria que o funk ainda seria tocado por cordas e metais e ainda com a belíssima voz da belíssima Paula Toller?!
Kid Abelha
FICO ASSIM SEM VOCÊ - ADRIANA CALCANHOTO
Gaúcha de Porto Alegre, Adriana nasceu em 1965. Em 1990 lança seu primeiro disco: "Enguiço". Em 2004 assumiu a personagem "Adriana Partimpim", que também foi o título de um álbum para crianças e de uma série de shows pelo país. Nesse disco gravou a hoje lendária "Fico assim sem você", de Claudinho & Buchecha. A chiquérrima Adriana já mostrou em diversas ocasiões que não está nem aí para o "Apartheid Cultural" (como diz Caetano sobre a segregação cultural brasileira); inclusive já gravou a brega "Devolva-me", entre outras. Aliás, é dela a frase que inicio este blog, junto ao título.
Adriana Calcanhotto
Termino este post um pouco melancólico, mas feliz, porque apesar da curta carreira, e apesar dos narizes torcidos de muita gente metida, Claudinho & Buchecha foram reconhecidos e se tornaram muito populares ainda em vida, e conseguiram a admiração inclusive de seus pares ungidos pelo "bom-gosto", como Adriana Calcanhotto e o pessoal do Kid Abelha. O que vem a embaralhar um pouco o gosto nacional. Afinal, onde termina o mau-gosto e onde começa o bom gosto?
Já falei que tô aqui pra confundir!!
Salve o Velho guerreiro!!
Abraços cafônicos!
Kid Cafona
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POR TODA MINHA VIDA
Para quem quiser saber mais sobre Claudinho & Buchecha, sugiro que vejam o documentário da Rede Globo, "Por Toda Minha Vida", aqui em 5 partes:
PARTE 1
PARTE 2
PARTE 3
PARTE 4
PARTE 5
Postado em 22 de julho de 2012.