Depois de muitos rodopios no tempo e no espaço (e nos estilos), voltamos à nossa querida MÚSICA BREGA. Não, não minha gente, não esqueci dela não! Tá certo que já prometi não apontar o que é ou não é "brega" aqui, mas acontece que existe um tipo de música que virou estilo, e esse estilo é ... o BREGA! Um tipo de música romântica, simples, por vezes ingênua; porém sempre popular, muito popular. E "maldita" ! Para os "ouvidos refinados", ou de "gosto apurado", é o que há de pior, um sacrilégio, uma aberração. Para nós...simplesmente... um dos gêneros mais interessantes. E da famosa geração "Brega 70", trazemos PAULO DE PAULA e JÚLIO CÉSAR. E pela primeira vez neste blog, a presença italiana com a banda I SANTO CALIFORNIA, numa aproximação com nossa música popular. Bravo!
PAULO DE PAULA - QUARTO DE MANSÃO Agenor Barbosa de Almeida, conhecido como PAULO DE PAULA, nasceu em Mantenas - Minas Gerais, em 1949, mas foi criado no Paraná, em Assis Chateaubriand. Tornou-se nacionalmente conhecido com esta canção, "Quarto de Mansão", gravada em um compacto em 1977, juntamente com a música "Moisés, um santo de areia". A montagem que fizeram neste vídeo foi com cenas da minissérie "Presença de Anita", da Rede Globo. Parece até que as imagens foram concebidas para esta música, de tão perfeita que ficou a montagem. Confiram!
Paulo de Paula
PAULO DE PAULA - CAMA SOLITÁRIA
Paulo de Paula lançou seu primeiro disco em 1976, tentando se lançar como cantor sertanejo, com um disco apenas com releituras de Tonico e Tinoco. O sucesso veio apenas no ano seguinte, com "Quarto de Mansão", cujo compacto vendeu 160 mil cópias, e ainda ficou com o 3º lugar na Parada Nacional de Sucesso, naquele ano. Chegou a se apresentar no programa do Chacrinha e no Globo de Ouro. Atualmente Paulo de Paula vive em Curitiba. "Cama Solitária" foi mais um de seus sucessos.
Paulo de Paula
JÚLIO CÉSAR - TU
Este é mais um dos famosos cantores da legendária geração "brega 70", que ficou famoso principalmente pela canção TU, música que não pode faltar em qualquer lista
do tipo TOP 10 da música brega. Um clássico!
Júlio César
JÚLIO CÉSAR - VOLTAREI (TORNERO)
Inexplicavelmente, Júlio César é um pária na Internet; não se encontra quase nada
na rede sobre o cantor; exceto vídeos no YouTube. Biografia, nem pensar! Espero
que uma boa alma nos ajude a completar esta lacuna. Aqui ele faz uma
versão de "Tornero", da banda italiana "I Santo Califonia".
Júlio césar
I SANTO CALIFORNIA - TORNERO
O grupo musical italiano foi descoberto em 1974, e estourou na Itália
em 1975, justamente com a música "Tornero", cujo disco vendeu mais de 1 milhão de cópias
na Itália no primeiro mês de vendas. Ao todo foram 11 milhões. A música foi
traduzida em quase todas as línguas. Aos poucos a banda foi sendo ignorada, e
passou a fazer shows em feiras locais na Itália, até seu último disco em 1991.
I Santo California
Os três grandes nomes da música que apareceram neste post fizeram grande sucesso com apenas uma música. No caso dos brasileiros, mesmo sendo identificados com o segmento popular da música brasileira, também chegaram a ser conhecidos do grande público em geral, apresentando-se em programas prestigiados como o "Globo de Ouro", ou o programa do "Chacrinha". Ambos também chegaram a protagonizar uma fotonovela, uma mania nos anos 70. Mas nunca gozaram do prestígio atribuído aos cantores da MPB. No caso da banda italiana, gozaram de grande fama mundial com a música "Tornero", mas também logo entraram no time que fica à margem da cultura de massa. Essa música não só se aproxima com a música popular brasileira, pelo romantismo e musicalidade, como também traduzida e regravada por um de nossos cantores populares. Mas à época, todos os três poderiam ser vistos apenas com a etiqueta POP. Hoje, a etiqueta é bem diferente.
"O tempo voa ... espere-me... voltarei!!" "Tornerooooooo!!"
A cantora da postagem de hoje não é cafona e nem brega, mas é muito, muito popular; tão popular que agrada todos os gostos. É realmente um fenômeno, uma estrela que transita por qualquer classe social, desafiando as teorias do gosto. E como tudo o que é popular é de interesse deste blog, não poderíamos deixar de prestar nossa homenagem a uma das cantoras mais fantásticas deste país: DANIELA MERCURY. Na última semana ela entrou em evidência ao falar sobre sua vida particular, o que não era de seu feitio, mas como a causa era justa, ela peitou a opinião pública e mostrou que, além de talento, tem muita atitude! Daniela vem da mais alta linhagem da MPB, da linhagem baiana que inclui Dorival Caymmi, João Gilberto, Caetano, Gil, Bethânia, Gal, Moraes Moreira, entre tantos outros, configurando uma aristocracia musical que já foi chamada de Máfia do Dendê (*). Mas ela jamais foi considerada uma cantora elitista, como os demais. Muito pelo contrário! E para acompanhá-la neste post, o grande Chico César! Ave César da Paraíba! Seja bem-vindo meu rei... e minha rainha!! Axé babá!!
( * )Expressão cunhada por Tognolli.
SWING DA COR
A mãe era uma assistente social de ascendência italiana e o pai um mecânico português, e com essas origens europeias nascia em 28 de julho de 1965 Daniela Mercuri de Almeida, que ficaria famosa pelo mundo como DANIELA MERCURY, a mais brasileira das brasileiras, ou a mais baiana das baianas. Esta música é de seu primeiro disco solo, que trazia seu nome como título, de 1991. O vídeo é de 1992. Vendo essas imagens eu me pergunto: onde é que eu estava nessa época que perdi essa festa alucinante?!
Daniela Mercury
O CANTO DA CIDADE Em 1992 Daniela lança seu segundo álbum: "O canto da cidade", que trazia a música de mesmo nome. O disco vende mais de dois milhões de cópias e Daniela se torna uma susperstar, chamada pela mídia como o "furacão da Bahia". Neste vídeo, gravado anos mais tarde, ela fala sobre o início de sua carreira, e se emociona.
Daniela Mercury
BATUQUE Daniela frequentou aulas de dança desde os 8 anos de idade. Aos 15 anos iniciou a carreira de cantora cantando nos bares de Salvador. Esta música também fez parte do álbum "O Canto da Cidade", de 1992. O vídeo é de 1993.
Daniela Mercury
ILÊ PÉROLA NEGRA Música gravada no disco "Sol da Liberdade", de 2000. O vídeo é de um show em San José, na Argentina, em 2012.
Daniela Mercury
À PRIMEIRA VISTA Composição de Chico César, gravada no álbum "Feijão com Arroz", de 1996. O vídeo é de um show em Stuttgart, na Alemanha, que teve a participação especial do compositor paraibano. Eu adoro esta música! Melódica, romântica, linda...
"Quando me chamou eu vim, Quando dei por mim estava aqui, Quando lhe achei me perdi, Quando vi você me apaixonei..."
Daniela Mercury e Chico César
SOU REBELDE Esta postagem está ficando muito chic pra este blog, e antes que eu perca meu prestígio e meu sobrenome, vamos conferir Chico César com um clássico da música brega; aliás uma interpretação que foi sugerida pelo colega Antônio, no post n° 17. Com vocês: "Sou Rebelde", com Chico César e orquestra. Orquestra?!
Chico César
A música da Bahia sempre ocupou um lugar de destaque dentro da música brasileira, como sinônimo de qualidade e refinamento. Cantores e compositores baianos sempre estiveram nas mentes e nas "vitrolas" dos brasileiros de "bom-gosto". Todavia, esses nomes não chegaram a ser unanimidade entre o "povão". Daniela Mercury mudou esse cenário. Tornou-se um fenômeno e unanimidade nacional. Agradou todo mundo e popularizou um estilo musical que florescia na Bahia: o samba-reaggae, mais tarde batizado de axé music, ou música axé. E o carnaval da Bahia, que já vinha alcançando popularidade nacional, com Daniela Mercury e com os demais nomes do movimento Axé, como Luiz Caldas, Carlinhos Brown, Olodum, e tantos outros, acabou se tornando um evento tão famoso quanto o internacional carnaval do Rio. Daniela Mercury, a "rainha do Axé", na trilha de Sara Jane, foi a primeira das "baianas popstars", como seriam Ivete Sangalo e Cláudia Leite. Em sua carreira internacional, chegou a receber rasgados elogios da escritora feminista norte-americana Camille Paglia, que disse que Daniela é a artista que Madonna gostaria de ser. Vai ter de comer mais feijão com arroz, loira!!
1 ANO DE CAFONÁLIA E O FUNK EXPORTAÇÃO DE CURITIBA
Depois de um ano rodando o Brasil e alguns países em busca do melhor da fina cafonice, o CAFONÁLIA volta pra Curitiba pra comemorar seu primeiro aniversário em casa. E quem diria que o funk carioca ganharia o mundo na versão curitibana da coisa! Pois é, a galera do BONDE DO ROLÊ, de Curitiba, mostrou a língua pra caretice e mergulhou de cabeça no funk, misturando com rock e outros ritmos e ... deu no que deu, ou seja, sucesso!! Parece incrível, mas nossa fria cidade se destacou justamente com o ritmo quente do funk, parindo aquilo que vamos chamar aqui de "FUNK EXPORTAÇÃO", já que eles viraram sensação pelo mundo com suas divertidas canções. O grupo regravou com CAETANO VELOSO uma música gravada nos anos 80 por ROBERTINHO DO RECIFE; veremos aqui as duas versões. E pra finalizar com chave de ouro este post de aniversário vamos conferir o francês FRANCIS LINEL com uma deliciosa homenagem a Curitiba. Voilà!!
"OFFICE BOY" - BONDE DO ROLÊ
O grupo surgiu em 2005, em Curitiba, tendo em sua formação original Rodrigo Gorky, Pedro D'Eyrot e Marina Vello. Após disponibilizar algumas músicas no MySpace, logo foram descobertos pelo público, imprensa e produtores nacionais e estrageiros. Neste vídeo vamos conferir os curitibanos arrasando em Londres com Office Boy.
Bonde do Rolê
"SOLTA O FRANGO" - BONDE DO ROLÊ
Em 2006 lançaram um CD promo e um vinil pelo selo Mad Decent, do DJ americano Diplo; foi a senha para a carreira internacional. As letras, digamos, picantes pagam tributo à matriz carioca, mas não postarei aqui as mais "cabeludas" para não perder minha fama de "cafona". Vamos ver agora o clip da "comportadinha" Solta o Frango.
Bonde do Rolê
"KILO" - BONDE DO ROLÊ
A repercussão do disco nos Estados Unidos não poderia ser melhor. A Rolling Stone americana escolheu o trio como uma das dez bandas do mundo inteiro para se ligar, e o grupo ainda recebeu elogios do New York Times. E o Bonde ainda se apresentou em várias cidades da Europa. Mas em 2007 a vocalista Marina deixa a banda. Vamos então confeir mais um clip, agora com a nova cantora: Laura Taylor.
Bonde do Rolê
"BABY DON'T DENY IT" - BONDE DO ROLÊ E CAETANO VELOSO E não é que o Caetano já está de volta neste blog!! Fazer o quê, o homem só anda bem acompanhado! O cantor baiano topou dividir os vocais de uma música de sua própria autoria em parceria com Robertinho do Recife, que a gravou nos anos 80 (originalmente batizada como "Baby Doll de Nylon"). Vamos ver como ficou...
Bonde do Rolê
"BABY DOLL DE NYLON" - ROBERTINHO DO RECIFE
Aclamado nos anos 80 como o "melhor guitarrista do Brasil", Robertinho gravou vários discos, e em um deles esta pérola composta por ele e por Caetano. A música lembra muito alguns ritmos populares como a guitarrada do Pará e a música brega dos anos 70. A melodia e a letra são contagiantes! O vídeo é uma montagem disponibilizada no YouTube, que não é de minha autoria, mas que ficou ótima. Aliás os dois astros do pop/rock mundial mostram nesse vídeo que também entendem de uma fuleiragem, com todo o respeito!! Lógico que aprovei!!
Robertinho do Recife
" MONSIEUR LE CONSUL A CURITYBA" - FRANCIS LINEL E pra finalizar a postagem uma bela homenagem à nossa cidade feita pelo francês Francis Linel em 1969. A letra é pérola das pérolas! E a simpatia do cantor é um show à parte. E o que são essas baianas curitibanas?! Trés chic!!
Francis Linel
Finalmente chegamos ao nosso primeiro aniversário, com 21 postagens, muita música boa e muita dicussão sobre os limites entre o "bom gosto" e o mau gosto". É claro que pra mim não existe limite nenhum, mas gosto de investigar esses limites impostos pela distinção social. Olha o funk, por exemplo; não é cafona, porque não é antigo e nem ultrapassado para isso. Tampouco não é brega; falta romantismo pra isso. Mas cai naquilo que poderiam chamar de marginal, ou maldito, assim como o foi o samba, o tango, o jazz, e até mesmo o rock em seus primórdios. E isso nos interessa! Mas nesta postagem já vemos que a coisa começa a mudar, com o funk penetrando na classe média e no reduto da MPB. Estivemos em várias regiões do país e em alguns outros países; escutamos os mais diversos cantores, aclamados, desprezados, conhecidos e desconhecidos. Aproveitamos pra lembrar que o objetivo é sempre a diversão, o respeito, a divulgação de nossos "valores cafonas" e, claro, a tietagem aos artistas citados. E nunca é demais lembrar que preconceito musical é puro esnobismo!!
Abraços Cafônicos, um viva ao Cafonália e a todos os cafonas do mundo. iuhuuu!!!!!
Então, dizem que o rock no Brasil surgiu na voz de uma mulher, Nora Ney, no final dos anos 50. Todavia ela apenas gravou uma versão de um rock americano, e que logo depois tratou de repudiar e voltou a cantar o que sempre cantou. Renegou o recém nascido, coitado! Mas foi outra mulher, Cely Campelo, quem acabou adotando a criança. O verbo adotar faz sentido, já que nessa época o que rolava no país eram apenas versões do rock estrangeiro. Rolavam as pedras dos anos 60 e aparece mais uma mulher, WANDERLÉA, escoltada por seus dois fiéis escudeiros: Roberto e Erasmo, e pelo grande séquito da Jovem Guarda, que incluía outras mulheres. E o rock brazuca começava a fazer barulho. Se a dupla dinâmica de escudeiros já fazia composições próprias, Wandeca ainda cantava muitas versões; mas que versões!! Hoje todas elas clássicas do rock/pop nacional. E eis que vem mais uma mulher pra pegar o bastão desse matriarcado e assumir o trono de rainha do rock brasileiro, RITA LEE; aliás, um título que ela desdenha (segundo a própria, é cafona demais, oba!). Mas enfim, o que tem de cafona nisso tudo? Rock, pop ... cafona? Pois vamos conferir. E pra ajudar na nossa investigação, vamos contar com a presença elegantíssima de
ZÉLIA DUNCAN e da famosa econtroversa BANDA CALYPSO.
Simbora, que hoje é dia de rock, bebê! ou pop? ou calipso?
Enfim, hoje é dia de cafonália!!
WANDERLÉA - "TE AMO"
WANDERLÉA Charlup Boere Salim nasceu em Governador Valadares-MG em 1946, e aos 9 anos de idade muda-se para o Rio de Janeiro, onde logo participa de alguns concursos no rádio. Em 1962 grava seu primeiro compacto e em 1963 seu primeiro álbum: "Wanderléa". Em 1965, lidera o programa "Jovem Guarda", juntamente com Roberto Carlos e Erasmo Carlos. Fez enorme sucesso nos anos 60, mas a partir dos anos 70 sua carreira entra em declínio, mas continua na ativa até hoje. Este vídeo é extraído do filme "Juventude e Ternura", de 1968. Reparem que nessas músicas mais românticas, como "Te amo" e "Ternura" (já postada neste blog), é possível reconhecer uma sonoridade que se tornaria característica da geração brega 70, de Diana a Odair José (que também flertaram com a Jovem Guarda). Também é possível fazer alguma aproximação com os famosos boleros. Nestas canções, a cantora assume uma interpretação meio chorosa (Lembra do Benito?). Mas Wandeca também gravou alguns rocks tradicionais, como "Prova de Fogo" e "Sem Endereço", onde esses elementos pouco aparecem.
Wanderléa
WANDERLÉA - "MENINO BONITO"
Em 1985, WANDERLÉA homenageia RITA LEE, gravando em um compacto o rock-balada "Menino Bonito", agora com uma roupagem mais pop. A canção fora gravada por Rita em 1974, quando, após a saída dos Mutantes, ela parte para carreira solo, com o acompanhamento da banda Tutti-Frutti. A versão de Wanderléa foi tema da novela "Um Sonho a Mais". Este clipe é uma montagem (*) de cenas de um outro clipe, "Sentado a beira do caminho", com imagens de modelos masculinos. Enquanto Roberto Carlos assumiu de vez a música romântica, ou "música de motel", como diriam alguns, Wanderléa e Erasmo ainda persistiriam numa carreira mais pop, mas sem jamais repetir o estrondoso sucesso do rei. Dizem que essa música foi uma exigência da gravadora para Rita, para que incluísse uma música romântica em seu álbum de rock puro sangue. E, sem a autorização da cantora, a gravadora ainda teria incluído um arranjo meloso, que ela só ouviu depois dos discos distribuídos. Mas não há arranjo meloso que neutralize o romantismo ácido de Rita: "Lindo, mas também não diz mais nada, e então quero olhar você e depois ir embora (!!!)".
(*) Montagem disponíbilizada no YouTube por Júlio Carvalho.
Wanderléa
RITA LEE - "SEM ENDEREÇO"
E para retribuir a gentileza,RITA LEE Jones (S. Paulo, 1947) regravou "Sem Endereço", música gravada por WANDERLÉA em 1964. É uma versão de Rossini Pinto para "Memphis Tennessee", de Chuck Berry. Rita a gravou no álbum "Zona Zen", de 1988. A música, de pouco apelo popular, não chegou a fazer sucesso com nenhuma das duas cantoras, mas agrada o público roqueiro. Todavia, apesar da sonoridade mais rock, a letra desagrada o "público exigente" (pra não falar outra coisa), que a considera "bobinha" demais; assim como quase tudo que foi feito pela Jovem Guarda. Na verdade, essa ingenuidade das letras é própria da época, e isso é apenas um dos detalhes que dão esse sabor retrô que a gente tanto gosta.
Rita Lee
RITA LEE E WANDERLÉA - "PARE O CASAMENTO"
E agora, para relaxar um pouco, um cafezinho com as "alegres comadres do exército do surf". RITA LEE recebe WANDERLÉA em seu programa TV-LEEzão, onde as duas fazem uma divertida "dublagem" da primeira gravação dessa música. É o encontro de duas gerações que se sobrepõem, haja vista que Wandeca é apenas um ano e meio mais velha que Rita, mas, musicalmente, é como se viesse antes numa escala de desenvolvimento do rock no Brasil. A mineira foi expoente da Jovem Guarda, que tem sua gênese no final dos anos 50, ainda que se consolidasse com o programa de mesmo nome em 1965. Já Rita tem a Tropicália em seu DNA, movimento que ocorreu já no final dos anos 60. E Rita participava como membro de uma banda: Os Mutantes. A Rita Lee cantora e compositora se identifica, portanto, mais com os anos 70, enquanto que Wanderléa é a cara dos anos 60. Cada qual com suas qualidades, resta dizer que ambas são ma-ra-vi-lho-sas!!
Rita Lee e Wanderléa
RITA LEE, WANDERLÉA E ZÉLIA DUNCAN - "PARE O CASAMENTO"
E para se juntar às duas divas do pop/rock nacional, uma expoente de uma outra geração, a ótima ZÉLIA Cristina DUNCAN Gonçalves Moreira (Niterói, 1964). Zélia iniciou sua carreira em Brasília, onde morava, e gravou seu primeiro álbum em 1990: "Outra Luz". O vídeo é de um show de Rita em Porto Alegre, com o sugestivo nome de "Balacobaco", mesmo nome do álbum de 2003. Um encontro histórico de três gerações de mulheres fantásticas, sem qualquer tipo de estranhamento.
Rita Lee, Wanderléa e Zélia Duncan
WANDERLÉA E BANDA CALYPSO - "PARE O CASAMENTO" E "PROVA DE FOGO"
WANDERLÉA não se apresenta apenas com outras cantoras "beatificadas" pelos donos do bom-gosto nacional, mas também com aquelas que gozam de pouco prestígio; embora de muita fama, como é o caso da cantora Joelma da Silva Mendes (Almeirim-PA), e seu marido, Cledivan Almeida Farias, o Chimbinha (Belém-PA), da
BANDA CALYPSO. Esta é uma banda de calipso e brega pop, formada em 1999 em Belém do Pará, mas que faz sucesso no Brasil inteiro, já tendo vendido mais de 14 milhões de discos. Em tempos de Internet isso é uma façanha e tanto.
É muito bacana ver essa confraternização entre estilos tão diferentes.
Wanderléa e Banda Calypso
“(...) Antes as críticas eram mais violentas ainda. Hoje até que suavizaram um pouco. Mas acho que há um preconceito muito rançoso em não perceber a importância nossa, a importância do movimento Jovem Guarda. Este movimento provocou uma revolução no comportamento dos jovens. Se hoje a música brasileira está mais solta, já utiliza instrumentos eletrônicos, isto tudo deve-se, também, ao nosso movimento. Mas os críticos não enxergam isto. Colocam a Jovem Guarda como um hiato entre a Bossa Nova e a Tropicália. Ora, nós fomos este bastão que ligou a Bossa Nova e a Tropicália. Então se os críticos, de um modo geral, não se tocaram ainda, burro é que são”.
Wanderléa. Em entrevista para Fatos e Fotos Gente em outubro de 1980. (in musicapopulardobrasil.blogspot.com)
Sampleando carinhosamente as sábias palavras do velho guerreiro, repito: "eu estou aqui para confundir e não para explicar". Respondam vocês mesmos se há alguma coisa de cafona nessas cartas embaralhadas. Tudo? Nada? Algumas coisas? Sinceramente, não me preocupo nem um pouco com isso, mas me divirto horrores com esse trânsito livre entre artistas brasileiros e as distinções que diferentes pessoas se atribuem a partir de um juízo de valor estético. Gostar é ser ou ser é gostar? Deixo aqui este efeito Tostines e corro que lá vem os omi!!